Lucas Vicente Comassetto - - Aluno de Laguna
Conhecendo uma ilusão e construindo um sonho Eu estava lendo uma postagem feita por um aluno da rede pública, postagem esta que me fez chorar. Chorar de alegria e de tristeza. Lindas palavras, lá na postagem, foram ditas. Depois de lê-la eu li os comentários dos leitores, que pelo visto eram na maioria professores. Ao ler os comentários senti que era minha obrigação escrever um comentário, ou um desabafo a eles. Então escreverei. Sempre estudei em escola pública, sempre fui encorajado e criticado pelos professores e funcionários das escolas pelas quais passei, mas um dia “recebi” um convite, convite para que eu fosse estudar em outra escola, uma escola privada, sendo que eu ganharia uma bolsa de estudos. Pensando no meu futuro resolvi aceitar o convite. Um dos motivos que me fizeram trocar de escola foi que acreditava conseguir melhores condições referentes à educação. Então lá fui eu, todo bobo, achando que eu continuaria feliz e que as coisas só melhorariam. Fiquei um mês estudando na escola pública e na escola privada, esperando o término do bimestre da escola pública para que eu pedisse a minha efetiva transferência. Depois de ter pedido a minha transferência vivenciei, na escola privada, semanas muito difíceis, diria até horríveis. Lá eu vi que o que eu tinha em mente não passava de sonhos, que a realidade era outra. Os alunos dessa escola agiam de uma forma que, a cada aula que eu assistia, mais chateado e frustrado eu me sentia. Cheguei a pensar em voltar para a escola em que eu estudava, só não fiz isso porque pensei que as pessoas ririam da minha cara, achariam que eu estava louco. Então fiquei, triste, mas fiquei. Eu via situações que ainda não tinha visto em nenhuma outra escola pela qual eu já tivesse passado, situações onde os professores era desrespeitados de uma forma que até me fazia chorar. O pior de tudo era vê-los sendo e obrigados a ficarem quietos, sem poder fazer nada. Todas essas situações obrigavam-me a refletir, a tentar descobrir o porquê daquilo tudo. Dessa forma, eu fui levando, conversando com alguns professores da escola, expondo-lhes o que eu sentia, o que eu via e achava que era errado. Foram muitas conversas sobre esses assuntos, muitas trocas de opiniões, muitos sentimentos de impotência, mas continuei firme, tentando seguir em frente. Com todos os acontecimentos na nova escola, a única coisa que eu realmente queria fazer era voltar atrás e retornar à “minha escola”. Então fiz algumas visitas a ela, conversei com os meus amigos, amigos sim, porque é dessa forma que eu via os professores, orientadores, diretores e funcionários em geral. Com todos esses sentimentos de revolta, de solidão, de tristeza, de raiva por ter feito a escolha errada eu continuei, e sempre relembrei os momentos mais felizes da minha vida, momentos em que eu vivi em escolas públicas, escolas que só me fizeram crescer. Escolas que me fizeram ser o que eu sou hoje, escolas que me tornaram um cidadão, um ser humano de verdade que possui sentimentos e que não consegue ficar quieto vendo situações que não eram para estar acontecendo. Foi nessas escolas públicas que eu descobri o que é a educação. Descobri e consegui praticá-la, não só lá, mas em todos os momentos. Hoje, vendo os professores da rede pública em greve, sinto um aperto no coração. Fico tentando imaginar o porquê de os governantes fazerem isso com os professores, o porquê de eles valorizarem dessa maneira a educação. Em meio a tantas perguntas sem respostas eu me deparo com uma afirmação: a escola pública sempre foi e sempre será a minha escola, nunca me esquecerei dela e não permitirei que ela passe pelas mesmas situações que hoje está passando, jamais. Aos professores, eu gostaria de dizer-lhes o meu muito obrigado e de poder, ao menos, dar-lhes um pouquinho de esperança. Não quero ver vocês desistindo! Não, não quero, quero que vocês sigam em frente nessa luta justa e honesta e também quero e espero que vocês sejam reconhecidos. E deixo aqui uma promessa: eu farei o possível para que tudo o que vocês fizeram por mim e por tantos outros alunos não seja em vão. Podem contar comigo e podem acreditar que vocês serão reconhecidos e receberão o valor que lhes é de direito. Agradeço por tudo, professores! Lucas Vicente Comassetto, 3º Ano do Ensino Médio – Laguna, SCEu, que sou professora da Escola pública estadual, sei sobre a angústia que esse aluno passou, pois lecionei um tempo em uma escola particular e sofri muitas humilhações, agressões verbais, me chamavam, até os professores e coordenadores, de professorinha do estado, MAS VOU DIZER QUE PREFIRO MIL VEZES SER A PROFESSORINHA DO ESTADO, FELIZ, DO QUE SER UMA PROFESSORA FRUSTRADA E TRISTE, E MAIS, O CONTEÚDO PROGRAMÁTICO FLUIA MAIS NO ESTADO DO QUE NO PARTICULAR, AMO , AMO, AMO A ESCOLA PÚBLICA, AMO MEUS ALUNOS, SE ESTOU EM GREVE HOJE, É PARA DAR UM BASTA EM TANTO DESVIOS DE VERBAS, DAR UM BASTA À DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR, DAR MELHORES CONDIÇÕES DE ENSINO AOS ALUNOS, QUE AS VERBAS SEJAS REALMENTE PARA MELHORAR AS ESTRUTURAS DAS ESCOLAS.
PROFESSOR, EU TAMBÉM CHOREI AO LER A CARTA DE LUCAS, VALEU QUERIDO!
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